quinta-feira, 31 de março de 2011

GEIPA no mês de Abril

O acesso a internet instigou a preguiça no ato de suprir as curiosidade sobre os diferentes temas. Para complicar ainda mais, as pesquisas rápidas e superficiais são (?) suficientes para formar uma opinião e um julgamento. A anarquia é um exemplo dessas pesquisas superficiais. Caso tenha curiosidade com anarquia, deixa o google de lado, venha ao encontro do GEIPA, Grupo de Estudos das Ideias e Práticas Anarquistas. Mais informações na imagem:

http://geipajoinville.blogspot.com/

terça-feira, 29 de março de 2011

2 vezes 3 = duas triologias

TRIOLOGIA DO BEM

O pai, sua feliz esposa e três filhos, dois homens e uma mulher.

O filho mais velho precisou de apoio financeiro, os estudos foram pagos. Ao casar, mais uma vez o pai foi solicito. O filho do meio, foi dos braços da mãe a cadeira de roda, nunca falou muito, é possível que nem tenha pensando além do papai e da mamãe. Nessa trajetória precisou de cuidados médicos, o pai atendeu. A última criança, uma menina, precisou de carinho. Os braços do pai envolveram o corpo dela que estava abandono no orfanato.

TRIOLOGIA DO MAL

A mãe solteira, sempre entregue as necessidades do filho.

O filho nasceu. Único ser vivo da mãe solteira ludibriada pela paixão numa linha de produção têxtil. No percurso da sua história, a mãe declinou-se a todos os trabalhos possíveis, na busca de atender as necessidades de saúde; a meningite, a epilepsia, a depressão... Ao crescer, sonhos de continuar nos bancos escolares foram altos, a mãe batalhou, acolheu os sonhos do outro como seus. Nos momentos de desesperos, em gritos de agonia por carinho, lá estavam os braços da mãe e a fala pedindo “Calma, meu filho. Calma, por favor.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Diário de Classe - VI

Sempre que posso faço uso da seguinte citação:

Os dias passavam e eles de olho no céu, acreditando em nuvens distantes que sumiam de repente, como se num passe de mágica. Quebravam pedaços de terra nas mãos, acariciavam o solo, dissolviam os torrões entre os dedos, rolavam o pó pelo polegar cheio de calos, experimentavam a terra com a língua, conversavam com ela. Lisonjeavam, pediam desculpas, imploravam. Um dia, um jornal do litoral apareceu por lá e depois escreveu: “O camponês conhece a textura da terra melhor que o próprio rosto.” Quando a reportagem foi lida em voz alta, num dos campos de retirantes, um velho riu e disse: Mas Claro! Eu nasci ali, sou pobre demais para ter espelho, e nunca teve água suficiente para fazer uma poça.Retirado do livro Um país distante, Daniel Mason. Editora Companhia das Letras. São Paulo 2008

O fragmento é rico como mobilização para o tema diversidade e desigualdades, assuntos arriscados para trabalhar em sala de aula.

terça-feira, 22 de março de 2011

Uma questão de direitos humanos

Numa situação que a extradição funcionará como uma condenação a morte. A história tem o papel fundamental de assegurar os direitos humanos. Cabe a sociedade brasileira, do historiador ao trabalhador de chão de fábrica, considerar os direitos humanos, mesmos negligenciados em nossos cotidianos, uma garantia mínima a todos os seres humanos.

Liberdade a Battisti!!!

Mais informações no http://cesarelivre.org/


quinta-feira, 17 de março de 2011

Diário de classe - V

Eu acredito na música como um elemento que agrega no processo educacional. Na minha curta trajetória de professor, coleciono experiências suficientes para sustentar a afirmação. Vou tentar registrar as mais emblemáticas.

Eu e a música.

Antes disso preciso registrar a importância da música na minha formação como pessoa. A minha maturidade sonora ocorreu ao escutar o lp Pela Paz em todo mundo, da banda Cólera. Eu tinha doze anos e nenhuma perspectiva de futuro. A secretária estadual de educação me preparava para ser um trabalhador na reposição de mercadoria num supermercado de Bairro ou um operário de chão de fábrica. Experimentei a última função, mas fui demitido por motivos nobres e dignos a um trabalhador do século XIX, como diria um pos-moderno bem sucedido. Hoje sou um funcionário, não numa fábrica, mas aí já outra discussão. A música (e tudo que envolve o) punk-hardcore me colocou outras perspectivas de futuro, pra mim, melhores do que o Estado idealizou. Parafraseando Naomi Klein, a música criou janelas nas cercas.

Black Flag

Eu fui professor numa escola da rede estadual de educação. O bairro era uma fronteira criada pela mídia, separava toda a cidade “civilizada” e “pacífica” de uma suposta Faixa de Gaza local. A minha experiência com uma turma do ensino médio era dominada por ansiedade e nervosismo. A turma era desafiadora.

Numa manhã vesti um moleton preto, cujas mangas eram seguradas com firmeza, como se fosse me proteger dos problemas imaginados. No fundo da sala estavam os roqueiros, camisetas do Black Sabbath e Green Day. Eu apaixonado por punk rock teria que lidar com roqueiros do Colégio. O histórico era de meter o pavor aos professores dali. O Colégio era uma imensa platéia dos três do fundão.

A aula não rendia. Os três roqueiros eram uma espécie Danko Jones tendo a sala de aula como espaços de shows. A minha fala não obtinha ecos, as tentativas de diálogos eram ruídos de um mudo. A situação provocava um calor na manhã de frio. Precisei tirar a minha proteção, o moleton. De repente, um silêncio. Senti o power trio do fundão se calar, a imaginação criou sons de euforia da platéia.

Os três olhavam para a capa do disco My war, da banda Black Flag, estampada na minha camiseta. De algum modo, os supostos terroristas do espaço escolar leram a mensagem da camiseta. Daquela a manhã a todas até o final do ano, o power trio passou perceber as aulas de história com certa importância e uma maneira de conhecer bandas pesadas e barulhentas.

O final é que os três foram aprovados em história, mas continuram cheios de tédios nas outras matérias, porém mais calmos, quase uma versão acústica tocando a porra da Legião Urbana nas noites joinvilenses. Dois anos depois, encontrei um dos garotos, no Bar China, no centro de Floripa. Trocamos telefones e nenhum outro contato até hoje.

Continua com outras bandas...

terça-feira, 1 de março de 2011

Palavras sobre um pouco da Espada e da Rosa

Fui assistir a peça “Entre a espada e a rosa”, do grupo joinvilense Fio de Ariadne. A peça é a primeira montagem do grupo, tendo no elenco atriz e professora de teatro Ângela Finardi e a novíssima nos palcos Gisele Becker. A montagem é uma “adaptação” de contos da Marina Colasanti.

No meu pouco conhecimento teatral, não classifico a montagem como uma adaptação. A senti como um encontro de elementos da contação de história, a prática de pegar um livro e contar com palavras alimentadas no coração de quem conta e de quem escuta. Ocorreu uma ruptura da fronteira do fazer teatral e a contação, era um flerte com a memória já vivida de quem está contando-encenando, cujos movimentos dos corpos e marcas eram teatrais.

O cenário remetia a cozinha, daquelas típicas da casa da vó, trazendo parte do universo feminino. Ficou explicito as memórias de quem conta-encena. Que bom!

A presença de Ângela é de quem conhece cada sobra de poeira da cozinha, não deixando um único espaço vazio do sue toque, seja com os movimentos do seu corpo, o volume da voz ou com o ruído do silêncio. A Gisa se faz presente no seu tamanho físico, engrandecido pela força dos seus sentimentos, entrando por toda cozinha com uma beleza encantadora, tendo uma voz suave, como se as horas fossem embora sem tomar nota do seu adiantar.

Caso pegue o texto para ler na noite de hoje, os sentidos despertados serão outros, quem sabe profundamente melancólicos com as fábulas de Colasanti. No dia da apresentação nada disso senti, pois Ângela e Gisele me deixaram confuso na suavidade das suas vozes e dos seus corpos. Na noite de hoje, escolho ficar com os sentidos do fim de domingo.


Informações do Grupo: http://www.grupofiodeariadne.blogspot.com/