quinta-feira, 28 de abril de 2011
Narrativas artísticas
domingo, 10 de abril de 2011
Lorotas do corredor de História
O começo de noite nos bancos do campus universitários eram os mesmos. Cada dia, cada hora havia uma rotina específica.
Era o cara da mídia entrando no banheiro superior do Bloco A. Entrava comunicar oficial, saía boleiro fardado de gremista.
Outros estudantes corriam para imprimir o index do dia, pretendendo ler apressadamente, ao mesmo tempo em que comiam salgados assados da cantina infestada de ratos.
Um grupo de estudantes de história cercava um professor gente boa. Nos últimos quarentas anos tinha se tornado um guru de um número expressivo de estudantes.
Outros estavam com discursos inflamados contra a reitoria. Uns olhavam atentamente o desfile das garotas do curso de medicina, odonto, farmácia e direito. Tornavam mulheres em objetos de desejo.
Assim constituía a trajetória cotidiana do campus. Eram histórias vividas. As memórias condenadas a nenhuma importância além das rodas de papo.
No momento de nostalgia voraz, lembro de causos, levados aqui como lorotas do corredor de História. Aguardem.
sábado, 9 de abril de 2011
Diário de classe VII
Na semana passada aconteceu o projeto Repensando a leitura em nossas vidas, cujo tema foi “Sociedade de Consumo”. O objetivo do evento era pensar a leitura além do texto, era uma leitura de vida, por isso ler e refletir por meio de oficinas a sociedade de consumo foi um bom mote para a meninada do ensino fundamental do Bonja.
Não vou cair na digressão sobre os rumos e apontamentos do evento, vou me deter num episódio.
Era sexta-feira, 01 de abril, o meu horário de expediente havia encerrado. Enquanto o horário de pegar o zarcão não chegava, aproveitei para conversar com o porteiro do Bonja, o Joelson. Falamos sobre o trabalho e o cansaço provocado com a venda da força de trabalho.
Conversa vai e conversa vem. Uma menina e um menino chegaram a guarita para fazer uma entrevista para a oficina que participavam. O menino olhou para mim, demonstrava um interesse em conduzir a entrevista comigo.
Menino: “Meu, o professor tá aqui.”
Menina: “E?”
Menino: “Vamos fazer a entrevista com ele.”
Menina: “Não!”
Menino: “Por que?”
Menina: “Só pode entrevistar trabalhador.”
Menino: “É verdade.”
Ambos olharam para o Joelson e falaram em conjunto “Vamos fazer a entrevista com o Joelson.”
E eu? Fiquei com cara de panaca até ir ao ponto, entrar no zarcão e chegar a minha casa. Dizem que tudo na vida é uma lição...E eu aprendi que é preciso trabalhar o conceito de trabalho com a meninada.
(p.s: é um texto de humor escrito por quem vive de mau humor.)