sexta-feira, 25 de março de 2011

Diário de Classe - VI

Sempre que posso faço uso da seguinte citação:

Os dias passavam e eles de olho no céu, acreditando em nuvens distantes que sumiam de repente, como se num passe de mágica. Quebravam pedaços de terra nas mãos, acariciavam o solo, dissolviam os torrões entre os dedos, rolavam o pó pelo polegar cheio de calos, experimentavam a terra com a língua, conversavam com ela. Lisonjeavam, pediam desculpas, imploravam. Um dia, um jornal do litoral apareceu por lá e depois escreveu: “O camponês conhece a textura da terra melhor que o próprio rosto.” Quando a reportagem foi lida em voz alta, num dos campos de retirantes, um velho riu e disse: Mas Claro! Eu nasci ali, sou pobre demais para ter espelho, e nunca teve água suficiente para fazer uma poça.Retirado do livro Um país distante, Daniel Mason. Editora Companhia das Letras. São Paulo 2008

O fragmento é rico como mobilização para o tema diversidade e desigualdades, assuntos arriscados para trabalhar em sala de aula.

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