No livro “Incidente em Antares”, do escritor gaúcho Erico Verissimo, encontrei o seguinte trecho:
“...um boato é uma espécie de enjeitadinho que aparece à soleira duma porta, num canto de muro ou mesmo no meio duma rua ou duma calçada, ali abandonado não se sabe por quem; em suma, um recém-nascido de genitores ignorados. Um popular acha-o engraçadinho ou monstruoso, toma-o nos braços, nina-o, passa-o depois ao primeiro conhecido que encontra, o qual por sua entrega o inocente ao cuidado de outro ou outros, e assim o bastardinho vai sendo amamentado de seio em seio ou, melhor, de imaginação em imaginação. E em poucos minutos cresce, fica adulto – tão substancial e dramático é o leite da fantasia popular -, começa a caminhar pelas próprias pernas, a falar com própria voz e, perdida a inocência, a pensar com a própria cabeça desvairada, e há um momento em que se transforma num gigante,maior que os mais altos edifícios da cidade, causando temores e às vezes até pânico entre a população, apavorando até mesmo aquele que inadvertidamente gerou.”
Não é um ataque ao jeito petista de governar a cidade de Joinville, menos ainda uma defesa. É apenas uma observação encontrada em plena leitura de sábado a tarde.
Um comentário:
perfeito... tenho falado isso tambem...
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