sábado, 23 de outubro de 2010

Das ruas da França

Nos últimos três séculos a França tem sido o cenário de grandes conflitos sociais, políticos, econômicos e culturais. A Revolução Francesa em 1789, a Comuna de Paris em 1871 as agitações radicais do sindicalismo francês em todo século XIX. As explosões nas artes plásticas e literárias. O século XX e os cafés parisienses entre os anos de 1920 e 1930. Os debates intelectuais. As inúmeras greves operárias, os enfrentamentos nas barricadas de maio de 1968. Os levantes das minorias isoladas nas periferias das grandes cidades francesas.

Apesar de toda trajetória histórica na busca da justiça e da transformação social, ainda existe espaço para figuras política de direita, como o Sarkozy. As respostas francesas aos políticos como Sarkozy é mais um levante nas ruas da França, agora contra o projeto de lei de redução em dois anos para se aposentar. Lei foi votada e aprovada! Enquanto a vitória de Sarkozy, ao menos no parlamento, é pela via do voto. Nas ruas é por meio da pancadaria policial, descendo a lenha. A situação repressiva lembra os anos recentes de José Serra no comando do Estado de São Paulo.

Se você deseja obter mais informações sobre os últimos acontecimentos nas ruas francesas, solicito que clique aqui. O ponto de vista escrito é de quem está nas ruas, faço referência aos anarquistas franceses da CNT-AIT. A visão e a prática do anarquismo em território francês é de várias histórias, vale a pena conferir o que acontece no anarquismo de hoje, inclusive no anarquismo do passado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ratos em DVD

Não adiantar fugir, jogar pra escanteio ou encarnar um discurso anarquista. A banda Ratos de Porão (RDP) é uma das mais emblemáticas e importantes no cenário de música barulhenta e agressiva do território brasileiro. Basta ouvir qualquer discos dos caras e buscar entender como numa época sem acesso fácil a informação, um grupo de garotos do ano de 1983 passaram a produzir uma sonoridade tão suja e rápida, gravando discos podres, que nem os gringos do eixo de ebulição da história oficial do punk pensaram e fizeram.

Quem aqui, que hoje se diz punk, se orgulha de manter um X nas costas da mão ou está nas ruas segurando uma placa de protesto, não escutou um disco RDP? Vou ser curto e grosso. Caso você ainda não tenha ouvido, você precisa do mesmo destino daquele dotadão que arrastou as garotas para fora do bar.

Ratos de Porão

Se você é um estudante universitário –ou intelectual de plantão, metido a escutar as poesias (sic) do Chico Buarque de Hollanda, adora passar a noite de sexta-feira numa mesa de plástico num boteco da Rua Urussanga, comentando como a arte e a contestação social caminhavam de mãos dadas nos de 1960-70. Mas sob hipótese alguma, você cogitou a historicizar o RDP no cenário político-cultural como produto (e produtor) histórico dos anos de chumbo do golpe civil-militar, merece o mesmo destino do dotadão.

Pára tudo. A rapaziada toda é metida à esperta e elegante, até quando se pinta como mini-contraventor. Chega. Há tua hora chegou! nada de sofrer com o caos de toda agressão e repressão da sociedade, que faz você se sentir um crucificado pelo sistema. Você será um punk mais esperto ou um acadêmico diferenciado entre os seus iguais, se assistir o documentário Guidable, a verdadeira história do Ratos de Porão.

O documentário consta com duas horas de uma narrativa cronológica oficial dos atuais membros, inclusive de ex-membros e ex-desafetos. Tudo que está no vídeo é aprovado pela banda, até mesmo as várias cenas dos membros consumindo drogas, como cocaína, crack e outras coisinhas a mais. Nem somente drogas você verá no Guidable. A música está presente, as visões dos membros sofrendo influências do tempo histórico vivido, um espírito de mudança, de querer derrubar tudo e todos que dão sustentação ao status quo. O desejo de tocar, até mesmo quando a conseqüência é assinar com uma grande gravadora e for ao programa infantil que idiotizava as crianças.

Os conflitos de vidas colocadas ao limite, cuja importância está dada a nós, bastam termos a consciência das possibilidades que hoje temos. Querendo ou não, são frutos dos narizes dos Ratos enfiados em carreiras de cocaína e contratos assinados com as famigeradas gravadoras. Os “erros” deles nos fizeram pensar, idealizar e criar outras maneiras, mesmo que não você não uma visão orgânica da história.


Mais informações no http://www.blackvomit.com.br/guidable/


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diário de classe – III

Ao visitar o blogue da L&PM Editores, lembro o quanto Eduardo Galeano fala da meninada, tanto nos aspectos do cotidiano da vida na família e na escola.

"A extorsão, o insulto, a ameação, o cascudo, a bofetada, a surra, o açoite, o quarto escuro, a ducha gelada, o jejum obrigatório, a comida obrigatória, a proibição de sair, a proibição de se dizer o que se pensa, a proibição de fazer o que se sente, e a humilhação pública são alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura de terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo.

- Os direitos humanos deveriam começar em casa - comenta comigo, no Chile, Andrés Domínguez." - O livro dos Abraços.


"Dia após dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem desde cedo, como destino, a vida prisioneira. Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças." Retirado do livro - De pernas pro ar.

É véspera do dia dos professores e das professoras, se passaram dois dias do dia das crianças. Eu deveria lembrar do quanto é dolorida e não é reconhecida a nossa profissão.

Não escrevo nada disso. Pois, não é possível falar positivamente de maneira geral dos professores e das professoras quando não reconhecemos, em todos os aspectos, os direitos e o respeito que a meninada precisa receber em todos os seus dias


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma Feira do Livro...

Eu tenho fascínio por livros. Eu tenho imensa curiosidade pelas editoras. Eu tenho vontade de saber mais da vida de escritores e das escritoras. Levado pelo fascínio, pela curiosidade e a vontade que destino tempo para saber o acontece no mercado editorial.

Sim, mercado editorial. Os livros são fontes de riquezas e acumulação de capital para meia dúzia de pessoas, um número minúsculo comparado aos números de leitores e leitoras. Nos blogues da editora Companhia das Letras e da LP&M, duas editoras importantes na minha vida de leitor, estão publicando os agitos comerciais ocorridos desde 06 de outubro em Frankfurt, na Alemanha, onde acontece a tradicioanl Frakfurter Buchmessel.

Neste meu arroubo pelo mercado, quase cometo um deslize maior. Ia não informando da 1ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, que acontecerá no mês de novembro, nos dias 05, 06 e 07. O evento será pequeno, organizado e alimentando por pequenas editoras de características libertárias, cuja existência ocorre como prática de propaganda das idéias e práticas anarquistas na sociedade de hoje. Ou seja, é o povo que não entende o conhecimento como uma fonte de riqueza de sustento das desigualdades, pelo contrário, entende e faz do conhecimento uma fonte diária de luta e transformação.


Saiba mais da 1ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre no http://flapoa.deriva.com.br./


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Diário de classe – II

A XXXVIII Olimpíadas Interna do Colégio Bom Jesus está no sétimo dia. Mesmo com os dias chuvosos, ocorrendo o adiamento de modalidades, entre elas o atletismo, a meninada não desanima, faz valer cada momento. É claro que não em todas as modalidades, alguns preferem o futebol em detrimento da recreação em forma de gincana. Mas, de todo modo, todos estão contemplados, inclusive os que entendem como uma boa razão para ficar fora da sala de aula.

O meu envolvimento mais direto ocorre com as turmas da 5ª séries, meninada que tenho quatro aulas semanais, enquanto as 6ª séries da manhã e da tarde e a 7ª e a 8ª da tarde, tenho duas aulas semanais. Por conta desse maior envolvimento com as turmas das 5ª, acabei sendo escolhido como padrinho da 5ª série A, recebendo uma camiseta da sala com o número 37 e nome de Dindo Maikon. Também ocorreram cobranças de outras 5ª séries que mantive o diálogo amenizando o possível conflito.

Logo na abertura das Olimpíadas, na quinta-feira da semana passada, fui acometido por tosse e gripe. Na madrugada de segunda-feira pra terça-feira a gripe e a tosse aumentaram, acompanhada de febre e vômitos. Resultado foi a terça-feira e a quarta-feira de cama, acompanhada de algumas visitas ao médico e a farmácia. Acabei não indo ao Colégio, deixando a meninada da 5ª A sem a presença do Dindo que eles e elas escolheram.

Agora são 11hs: 13 min de quinta-feira, acabo de voltar do Colégio, precisava ir até o Colégio, explicar a equipe diretiva, cumprir o meu horário de trabalho e dedicar atenção a quem realmente precisava (e precisa de atenção). Faço referência a meninada da 5ª A (assim como toda a meninada do Colégio). A equipe diretiva falou que preciso de repouso, que a cama deveria ser o meu destino, professores e professoras deram atenção. Hoje, na sala de professores-as, e fora dela, foi impressionante o carinho transmitido por toda equipe de profissionais do Colégio.

O que me levou a escrever não foi a XXXVIII Olimpíadas Internas do Colégio Bom Jesus, apesar de existir uma relação. Gostaria de narrar a afetividade, o carinho, o amor, a vontade de dizer e as ações da meninada da 5ª A, os meus afilhados e as minhas afilhadas. Por conta da nossa aproximação, entre eles circulou a razão da minha ausência na terça-feira e na quarta-feira.

Ainda pouco, ao nos encontramos, cada um, a sua maneira, buscou demonstrar o seu carinho. Uma menina falou quanto está preocupada com minha saúde, numa postura e fala um tanto adulta. Um menino, da rapaziada que classifico como “os marrentos”, informou onde vencemos e perdemos. Acompanhado de uma análise da derrota no basquete e do bom jogo de futsal, seguido de vitória, é claro.

Outra menina sentou ao meu lado, falou da minha roupa, do meu cabelo nunca penteado. Comentários carinhosos, que representavam a sua inquietação com o diferente. Em mim, lembrou que ali, entre as crianças, sou o diferente, sou o adulto, sou o professor e não o amigo. Porém, nunca deverei escamotear o carinho e o afeto. Como escreveu Allen, o carinho sempre deve ser dado sem esperar nada em troca. Pois, quando menos se espera, o carinho estará a sua frente sorrindo como uma criança da 5ª série A (ou da B, da C ou da D).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Síndrome de Crumb

Semanas atrás escrevi um rascunho sobre a minha visão do processo eleitoral. Deixei de lado. Era mais uma consideração anarquista em tempos de eleições. Eu aposto R$ 0.10 que nada mudaria.

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O jornal de hoje trouxe a manchete da vitória da tríplice aliança catarinense (PMDB, DEM e PSDB). A articulação é do Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, que a cidade de Joinville é responsável por criar e o manter na política eleitoral.

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A cultura local destinada ao pó e lixo, máxima proferida por Apolinário Ternes, ecoa entre produtores culturais da cidade. O esperneio é grande.

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Estou dentro disso tudo, sofrendo de uma quase síndrome chamada de Crumb. Nome dado por conta da fuga de Robert Crumb do território dos Estados Unidos da América rumo ao interior da França, justamente no momento que seu país [E.U.A.] se afundava num conservadorismo danado. Inclusive escreveu um álbum sobre o tema, o nome é América.

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Só não é uma síndrome de Crumb por falta de grana para me mandar ao interior da França e pela falta de qualidade no desenho e na escrita. Então, fico e sofro, aqui mesmo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Eu sou do Lixo!

Faço coro aos que acreditam que o debate é fundamental na construção de uma cidade. Ponto que infelizmente não está acontecendo por aqui. Observe a questão do planejamento urbano.

Eu sou a favor da diversidade na sexualidade, não suporto preconceitos originados por questões étnicas e de classe.

Acredito nas manifestações artísticas como uma fonte essencial no despertar de emoções questionadoras levando a transformação de tudo que nos cerca.

Tenho certeza de que cultura não está condicionada as manifestações artísticas, pelo contrário, está em tudo o que observamos, narramos e transformamos.

É por essas e outras, aparado no conceito de lixo escrito por Apolinário Ternes, que afirmo: não sou petista, não estou 100% de acordo com as realizações da Fundação Cultural de Joinville, mas tenho plena convicção que faço parte do LIXO que virou a cultura na cidade de Joinville!

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