quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os problemas da linha Simão Kruger.

Quantos usuários do transporte coletivo de Joinville conhecem a linha Simão Kruger? É desnecessária uma estatística sobre a questão. Quem usa a linha poderá confirmar que são poucos, ao menos fazendo um calculo imaginário com os números de usuários: a maioria são moradores da região entre os Bairros Floresta e Petrópolis, todos trabalhadores e estudantes que atravessam a cidade para fazê-la.

Torna-se preciso situar a linha Simão Kruger para as pessoas que desconhecem a linha, é possível que até os técnicos da PMJ, Prefeitura Municipal de Joinville, desconheçam o micro-ônibus que circula de segunda-feira a sexta-feira, entre a 5hs: 52 min até 23hs: 30 min, num total de 22 circulações. Aos sábados o funcionamento fica das 06hs: 05 min até 13hs: 01 min, num total de 10 circulações. Aos domingos não funciona.

O local de saída da linha é o Terminal Sul e segue pelas ruas Augusto E. Boettcher, Erich Schattschneider, São Bonifácio, Pinheiro Preto, São J. do Serrito, Aimorés, Caruaras, dos Tupiniquins, Simão Kruger, Augusto E. Boettcher, Santa Catarina, Ary Barroso e o Terminal Sul. O trajeto é curto, em horário de maior movimento dura por volta 12 minutos. A linha é fundamental para os moradores da localidade, pois é utilizada para ir ao trabalho, aos estudos e as situações de lazer.

Eu, usuário diário da linha, reconheço os problemas da linha, porém é possível que a empresa Gidion, que administra a linha, e os técnicos e fiscais da PMJ não os conhecem, mesmo que reclamações já foram encaminhadas a Empresa Gidion e PMJ. Por isso, vou contar os problemas.

1) O horário é pouco. Por exemplo, aos sábados a linha termina às 13hs: 01 min. Voltando a funcionar às 5hs: 52 min de segunda-feira. Ou seja, aos sábados e domingos os moradores da localidade ficam isolados, dependendo de carros particulares. Aos sem carros resta subir e descer morros sem calçamentos, quando é dia de chuva, o momento será molhado e sujo.

2) Existe um único abrigo para esperar o ônibus. Os pontos de parada de ônibus são quase 10. O abrigo está abandonado pelo poder público e pela empresa. Os cuidados, como a instalação de um banco e a limpeza, são feitos pelos moradores. Os demais pontos de parada de ônibus não existem. Em dias de chuva nos resta esperar debaixo de um guarda-chuva, se o mesmo resistir aos ventos.

3) O micro-ônibus é apertado. Em dias de chuva o número de usuários aumenta. Mesmo os usuários tomando o máximo de cuidado, o espaço fica reduzido, causando problemas dos guarda-chuvas dos usuários molharem os demais ocupantes do ônibus.

4) A linha é dirigida por novos motoristas. A Empresa Gidion altera os motoristas todos os meses, geralmente são motoristas inexperientes, onde fica visível a falta de treinamento dado pela a Empresa Gidion, já é rotina os usuários ensinarem as ruas a seguir com o ônibus. A responsabilidade não é do motorista, um trabalhador como nós, mas do empregador, a Gidion. Acaba deixando seus trabalhadores em situação de risco, ao mesmo tempo os usuários.

Os quatros problemas foram identificados por um único usuário. É possível que outros usuários identificarem outros problemas. Assim como diferentes soluções poderão surgir.

As minhas soluções são simples:

1) Aumentar os horários, expandindo para os sábados e domingos.

2)Construir abrigos em todos os pontos.

3)Em dias de chuva colocar a disposição um ônibus convencional.

4) A Empresa Gidion melhorar os treinamentos dos seus trabalhadores, enquanto a PMJ fiscalizar o processo de treinamento.

Os problemas da linha Simão Kruger fazem parte de um outro maior, que é a condição do livre exercício de ir e vir na cidade de Joinville. As empresas Gidion e Transtusas, concessões públicas cedida pela PMJ, estão há mais de 40 anos fazendo de um direito de toda população uma fonte de riqueza particular. Sempre com o aval das diferentes gestões que passaram na PMJ. Se olharmos como os aumentos são concedidos, sempre os beneficiados são as empresas, aos usuários resta pagar, pagar e pagar.

Uma saída para a questão do transporte coletivo urbano de Joinville é a construção de projeto de transporte público de verdade, onde os usuários tenham vozes ativas, amparados em discussões técnicas e políticas, visando a máxima gratuidade no transporte, como já acontece em outros setores. Ao mesmo tempo visando à qualidade e o controle público, nada de duas famílias ficarem ricas com o direito de todas as pessoas de irem ao trabalho, a escola, ao teatro, ao cinema, assim condicionando cada ida um ato de fazer nós mesmas, logo, fazer a cidade.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fim..

O meu desaparecimento por aqui é por conta do fim de ano escolar. O carinho das crianças é o que mobiliza o ensino.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

“Edgar Schatzmann: Fragmentos da história de uma pessoa extraordinária”

O Maikon está no PSOL?” Alguém poderá questionar. Afinal, o que estará eu, de envolvimento com o anarquismo num grupo de estudos de um Partido Político, cuja base ideológica é Karl Marx, o eterno desafeto político do anarquista Mikhail Bakunin nos primeiros dez anos da Iª Associação Internacional dos Trabalhadores? Como sempre disse o historiador Howard Zinn, é melhor a dúvida. Sair cada vez mais com perguntas do que respostas exatas. Não estou a questionar minha ideologia anarquista.

Quero dialogar com o máximo de pessoas certos elementos da trajetória das lutas sociais e políticas em Joinville. Desejo que me levou a conceder uma entrevista ao jornal Notícias do Dia, onde as minhas declarações foram retalhadas, colocando verbos em minha fala. Mas isso é assunto para outro momento.

O Hernandez, membro do PSOL, me convidou para apresentar os resultados parciais da pesquisa sobre a resistência comunista, ligada ao PCB, a ditadura civil-militar em Joinville (1964-85). O título da fala que estou no preparo é Edgar Schatzmann: Fragmentos da história de uma pessoa extraordinária”. Um homem de 70 anos de idade, figura conhecida como “o público oficial” nas mostras de filmes e de teatro, porém uma grande parcela desconhece sua atuação política. Em certa medida o desconhecimento remete ausências de pesquisas e debates sobre a resistência a ditadura civil-militar em Joinville.

Eu, Edgar Schatzmann e Jonata, em dezembro de 2008, na Estação da Memória.

O meu objetivo geral é historicizar um personagem, entre muitos outros num futuro breve, que atuou no PCB em Joinville, fazendo o recorte temporal entre os anos de 1958 a 1968. A base da pesquisa são os escritos de Howard Zinn, de Eric Hobsbawn, diversos autores no campo da memória e da história oral e social. Tomarei o cuidado de apresentar algumas características importantes na metodologia da História, numa clara intenção de não cair no memorialismo ou na construção de um herói para a esquerda local, menos ainda tentarei cair no rancor anarquista contra a história dos comunistas autoritários. Ou seja, vou tentar exercitar a História.

Mais informações

O encontro será realizado no dia 27 de novembro, às 15h na sede do Partido Socialismo e Liberdade (Jerônimo Coelho, 285, centro). Sinta-se convidada/o.

Baixe o texto do evento aqui.

sábado, 23 de outubro de 2010

Das ruas da França

Nos últimos três séculos a França tem sido o cenário de grandes conflitos sociais, políticos, econômicos e culturais. A Revolução Francesa em 1789, a Comuna de Paris em 1871 as agitações radicais do sindicalismo francês em todo século XIX. As explosões nas artes plásticas e literárias. O século XX e os cafés parisienses entre os anos de 1920 e 1930. Os debates intelectuais. As inúmeras greves operárias, os enfrentamentos nas barricadas de maio de 1968. Os levantes das minorias isoladas nas periferias das grandes cidades francesas.

Apesar de toda trajetória histórica na busca da justiça e da transformação social, ainda existe espaço para figuras política de direita, como o Sarkozy. As respostas francesas aos políticos como Sarkozy é mais um levante nas ruas da França, agora contra o projeto de lei de redução em dois anos para se aposentar. Lei foi votada e aprovada! Enquanto a vitória de Sarkozy, ao menos no parlamento, é pela via do voto. Nas ruas é por meio da pancadaria policial, descendo a lenha. A situação repressiva lembra os anos recentes de José Serra no comando do Estado de São Paulo.

Se você deseja obter mais informações sobre os últimos acontecimentos nas ruas francesas, solicito que clique aqui. O ponto de vista escrito é de quem está nas ruas, faço referência aos anarquistas franceses da CNT-AIT. A visão e a prática do anarquismo em território francês é de várias histórias, vale a pena conferir o que acontece no anarquismo de hoje, inclusive no anarquismo do passado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ratos em DVD

Não adiantar fugir, jogar pra escanteio ou encarnar um discurso anarquista. A banda Ratos de Porão (RDP) é uma das mais emblemáticas e importantes no cenário de música barulhenta e agressiva do território brasileiro. Basta ouvir qualquer discos dos caras e buscar entender como numa época sem acesso fácil a informação, um grupo de garotos do ano de 1983 passaram a produzir uma sonoridade tão suja e rápida, gravando discos podres, que nem os gringos do eixo de ebulição da história oficial do punk pensaram e fizeram.

Quem aqui, que hoje se diz punk, se orgulha de manter um X nas costas da mão ou está nas ruas segurando uma placa de protesto, não escutou um disco RDP? Vou ser curto e grosso. Caso você ainda não tenha ouvido, você precisa do mesmo destino daquele dotadão que arrastou as garotas para fora do bar.

Ratos de Porão

Se você é um estudante universitário –ou intelectual de plantão, metido a escutar as poesias (sic) do Chico Buarque de Hollanda, adora passar a noite de sexta-feira numa mesa de plástico num boteco da Rua Urussanga, comentando como a arte e a contestação social caminhavam de mãos dadas nos de 1960-70. Mas sob hipótese alguma, você cogitou a historicizar o RDP no cenário político-cultural como produto (e produtor) histórico dos anos de chumbo do golpe civil-militar, merece o mesmo destino do dotadão.

Pára tudo. A rapaziada toda é metida à esperta e elegante, até quando se pinta como mini-contraventor. Chega. Há tua hora chegou! nada de sofrer com o caos de toda agressão e repressão da sociedade, que faz você se sentir um crucificado pelo sistema. Você será um punk mais esperto ou um acadêmico diferenciado entre os seus iguais, se assistir o documentário Guidable, a verdadeira história do Ratos de Porão.

O documentário consta com duas horas de uma narrativa cronológica oficial dos atuais membros, inclusive de ex-membros e ex-desafetos. Tudo que está no vídeo é aprovado pela banda, até mesmo as várias cenas dos membros consumindo drogas, como cocaína, crack e outras coisinhas a mais. Nem somente drogas você verá no Guidable. A música está presente, as visões dos membros sofrendo influências do tempo histórico vivido, um espírito de mudança, de querer derrubar tudo e todos que dão sustentação ao status quo. O desejo de tocar, até mesmo quando a conseqüência é assinar com uma grande gravadora e for ao programa infantil que idiotizava as crianças.

Os conflitos de vidas colocadas ao limite, cuja importância está dada a nós, bastam termos a consciência das possibilidades que hoje temos. Querendo ou não, são frutos dos narizes dos Ratos enfiados em carreiras de cocaína e contratos assinados com as famigeradas gravadoras. Os “erros” deles nos fizeram pensar, idealizar e criar outras maneiras, mesmo que não você não uma visão orgânica da história.


Mais informações no http://www.blackvomit.com.br/guidable/


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diário de classe – III

Ao visitar o blogue da L&PM Editores, lembro o quanto Eduardo Galeano fala da meninada, tanto nos aspectos do cotidiano da vida na família e na escola.

"A extorsão, o insulto, a ameação, o cascudo, a bofetada, a surra, o açoite, o quarto escuro, a ducha gelada, o jejum obrigatório, a comida obrigatória, a proibição de sair, a proibição de se dizer o que se pensa, a proibição de fazer o que se sente, e a humilhação pública são alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura de terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo.

- Os direitos humanos deveriam começar em casa - comenta comigo, no Chile, Andrés Domínguez." - O livro dos Abraços.


"Dia após dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem desde cedo, como destino, a vida prisioneira. Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças." Retirado do livro - De pernas pro ar.

É véspera do dia dos professores e das professoras, se passaram dois dias do dia das crianças. Eu deveria lembrar do quanto é dolorida e não é reconhecida a nossa profissão.

Não escrevo nada disso. Pois, não é possível falar positivamente de maneira geral dos professores e das professoras quando não reconhecemos, em todos os aspectos, os direitos e o respeito que a meninada precisa receber em todos os seus dias


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma Feira do Livro...

Eu tenho fascínio por livros. Eu tenho imensa curiosidade pelas editoras. Eu tenho vontade de saber mais da vida de escritores e das escritoras. Levado pelo fascínio, pela curiosidade e a vontade que destino tempo para saber o acontece no mercado editorial.

Sim, mercado editorial. Os livros são fontes de riquezas e acumulação de capital para meia dúzia de pessoas, um número minúsculo comparado aos números de leitores e leitoras. Nos blogues da editora Companhia das Letras e da LP&M, duas editoras importantes na minha vida de leitor, estão publicando os agitos comerciais ocorridos desde 06 de outubro em Frankfurt, na Alemanha, onde acontece a tradicioanl Frakfurter Buchmessel.

Neste meu arroubo pelo mercado, quase cometo um deslize maior. Ia não informando da 1ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, que acontecerá no mês de novembro, nos dias 05, 06 e 07. O evento será pequeno, organizado e alimentando por pequenas editoras de características libertárias, cuja existência ocorre como prática de propaganda das idéias e práticas anarquistas na sociedade de hoje. Ou seja, é o povo que não entende o conhecimento como uma fonte de riqueza de sustento das desigualdades, pelo contrário, entende e faz do conhecimento uma fonte diária de luta e transformação.


Saiba mais da 1ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre no http://flapoa.deriva.com.br./


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Diário de classe – II

A XXXVIII Olimpíadas Interna do Colégio Bom Jesus está no sétimo dia. Mesmo com os dias chuvosos, ocorrendo o adiamento de modalidades, entre elas o atletismo, a meninada não desanima, faz valer cada momento. É claro que não em todas as modalidades, alguns preferem o futebol em detrimento da recreação em forma de gincana. Mas, de todo modo, todos estão contemplados, inclusive os que entendem como uma boa razão para ficar fora da sala de aula.

O meu envolvimento mais direto ocorre com as turmas da 5ª séries, meninada que tenho quatro aulas semanais, enquanto as 6ª séries da manhã e da tarde e a 7ª e a 8ª da tarde, tenho duas aulas semanais. Por conta desse maior envolvimento com as turmas das 5ª, acabei sendo escolhido como padrinho da 5ª série A, recebendo uma camiseta da sala com o número 37 e nome de Dindo Maikon. Também ocorreram cobranças de outras 5ª séries que mantive o diálogo amenizando o possível conflito.

Logo na abertura das Olimpíadas, na quinta-feira da semana passada, fui acometido por tosse e gripe. Na madrugada de segunda-feira pra terça-feira a gripe e a tosse aumentaram, acompanhada de febre e vômitos. Resultado foi a terça-feira e a quarta-feira de cama, acompanhada de algumas visitas ao médico e a farmácia. Acabei não indo ao Colégio, deixando a meninada da 5ª A sem a presença do Dindo que eles e elas escolheram.

Agora são 11hs: 13 min de quinta-feira, acabo de voltar do Colégio, precisava ir até o Colégio, explicar a equipe diretiva, cumprir o meu horário de trabalho e dedicar atenção a quem realmente precisava (e precisa de atenção). Faço referência a meninada da 5ª A (assim como toda a meninada do Colégio). A equipe diretiva falou que preciso de repouso, que a cama deveria ser o meu destino, professores e professoras deram atenção. Hoje, na sala de professores-as, e fora dela, foi impressionante o carinho transmitido por toda equipe de profissionais do Colégio.

O que me levou a escrever não foi a XXXVIII Olimpíadas Internas do Colégio Bom Jesus, apesar de existir uma relação. Gostaria de narrar a afetividade, o carinho, o amor, a vontade de dizer e as ações da meninada da 5ª A, os meus afilhados e as minhas afilhadas. Por conta da nossa aproximação, entre eles circulou a razão da minha ausência na terça-feira e na quarta-feira.

Ainda pouco, ao nos encontramos, cada um, a sua maneira, buscou demonstrar o seu carinho. Uma menina falou quanto está preocupada com minha saúde, numa postura e fala um tanto adulta. Um menino, da rapaziada que classifico como “os marrentos”, informou onde vencemos e perdemos. Acompanhado de uma análise da derrota no basquete e do bom jogo de futsal, seguido de vitória, é claro.

Outra menina sentou ao meu lado, falou da minha roupa, do meu cabelo nunca penteado. Comentários carinhosos, que representavam a sua inquietação com o diferente. Em mim, lembrou que ali, entre as crianças, sou o diferente, sou o adulto, sou o professor e não o amigo. Porém, nunca deverei escamotear o carinho e o afeto. Como escreveu Allen, o carinho sempre deve ser dado sem esperar nada em troca. Pois, quando menos se espera, o carinho estará a sua frente sorrindo como uma criança da 5ª série A (ou da B, da C ou da D).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Síndrome de Crumb

Semanas atrás escrevi um rascunho sobre a minha visão do processo eleitoral. Deixei de lado. Era mais uma consideração anarquista em tempos de eleições. Eu aposto R$ 0.10 que nada mudaria.

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O jornal de hoje trouxe a manchete da vitória da tríplice aliança catarinense (PMDB, DEM e PSDB). A articulação é do Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, que a cidade de Joinville é responsável por criar e o manter na política eleitoral.

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A cultura local destinada ao pó e lixo, máxima proferida por Apolinário Ternes, ecoa entre produtores culturais da cidade. O esperneio é grande.

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Estou dentro disso tudo, sofrendo de uma quase síndrome chamada de Crumb. Nome dado por conta da fuga de Robert Crumb do território dos Estados Unidos da América rumo ao interior da França, justamente no momento que seu país [E.U.A.] se afundava num conservadorismo danado. Inclusive escreveu um álbum sobre o tema, o nome é América.

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Só não é uma síndrome de Crumb por falta de grana para me mandar ao interior da França e pela falta de qualidade no desenho e na escrita. Então, fico e sofro, aqui mesmo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Eu sou do Lixo!

Faço coro aos que acreditam que o debate é fundamental na construção de uma cidade. Ponto que infelizmente não está acontecendo por aqui. Observe a questão do planejamento urbano.

Eu sou a favor da diversidade na sexualidade, não suporto preconceitos originados por questões étnicas e de classe.

Acredito nas manifestações artísticas como uma fonte essencial no despertar de emoções questionadoras levando a transformação de tudo que nos cerca.

Tenho certeza de que cultura não está condicionada as manifestações artísticas, pelo contrário, está em tudo o que observamos, narramos e transformamos.

É por essas e outras, aparado no conceito de lixo escrito por Apolinário Ternes, que afirmo: não sou petista, não estou 100% de acordo com as realizações da Fundação Cultural de Joinville, mas tenho plena convicção que faço parte do LIXO que virou a cultura na cidade de Joinville!

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Clique aqui e saiba mais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A história de um roteiro

De frente aos meus olhos estava um roteiro cinematográfico. Não era possível saber se era película ou digital, ainda não havia sido filmado. A verba estava em processo de captação. Em mim, ali postado entre atores e atrizes de uma história real, a sensação de que estava num cenário da primeira cena do roteiro era evidente.

O tempo é o presente.

A primeira cena acontecia entre a ampla sala e a cozinha de uma casa que foi construída por uma família de imigrantes, lá do começo do século XX. No ambiente estão celebrando a união civil entre dois homens; amigos, amigas, brasileiros e estrangeiros, familiares, brasileiros e estrangeiros. A música, a ternura estampada no momento de alegria entre os presentes, as crianças em estado de graça com o delicioso bolo de chocolate, socializado em segundos.

O homem mais velho chega à parte externa da casa. Ao redor estão os que eram jovens nos anos oitenta.

O tempo é a nostalgia.

O homem mais velho passa a narrar sobre suas andanças políticas. A nostalgia era o fim da ditadura militar, era o começo de uma nova época, de esperança na fala do homem mais velho. Em sinal de respeito, todos escutam. Em mim, as palavras estavam internalizadas, alimentando o romantismo necessário para cada dia.

O tempo é o passado.

Todos estão em cena, respectivamente vinte e cinco ou trinta anos mais jovens. O cenário é uma festa de aniversário do Padre da comunidade, ali estão todos felizes, mesmo com tempos preocupantes de fim da ditadura militar, a ameaça de morte destinada ao Padre ainda ecoava na memória coletiva, ao mesmo tempo as intimidações dos policiais que saudavam a repressão política. O ambiente é de festa, nos segredos das entrelinhas o receio pairava sob todos os corações presentes.

Daqui por adiante o filme passa a narrar fragmentos da história da comunidade, sem nenhuma ligação aparente, como se cada história fosse um conto, cuja ligação está feita por personagens, os lugares e a atmosfera político-espiritual.

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Continua... (A obra não está concluída, aguarda captação de recurso.)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Capítulo Dois (ou: uma homenagem a Eduardo Galeano)

Raul dormia na varanda. Não suportava ter um teto em cima da cabeça”. Eduardo Galeano em Dias e noites de amor e de guerra

Chegando em casa, após quarenta minutos de caminhada, o que habitualmente faria em vinte e cinco minutos, o corpo solicitava um descanso, momento de pausa do corpo em pé. Tudo doía mais do que o costume, a lentidão dos passos do centro até o bairro, das avenidas até a rua, da rua a porta de casa. Queria era estirar o meu corpo, a minha alma, a minha história, a minha vida no velho e solitário sofá da sala. Ao mesmo tempo, buscava entender a demora da caminhada, quando percebia que nada mais era do que encantamento de ter recebido a atenção do meu neto de olhos brilhantes, enquanto ao mesmo tempo, sentia os brilhos em meus olhos.

Já de frente ao espelho e a pia. A minha mão esquerda não estava com o punho cerrado, longe disso, estava imersa na água, era como se água que as enxaguava fossem produzidas pelos meus olhos, eram lágrimas como extensão dos meus olhos brilhantes. Sem saber como conter, pensei em deitar, querendo fazer do momento um sonho, daqueles duradouros, como todos os meus sonhos alimentados até hoje, não querendo levá-lo ao esquecimento, na tentativa de concretizar a sua realização, ao menos em meu coração. Minhas mãos estavam limpas, o meu rosto purificado por lágrimas.

Os momentos no banheiro se arrastaram, como se fosse um banho demorado, mas só lavava o meu rosto e as minhas mãos. Lá fora, na rua de frente de casa, a luz vinha dos postes, os barulhos feitos por crianças que dramatizavam um jogo, era um duelo entre JEC e Chapecoense. Os gritos dos gols das crianças eram cortados por vozes dos seus pais, das suas mães solteiras ou das suas avós, que chamavam para entrar, pois já fazia três horas que a noite tinha chegado. Os barulhos das crianças ganharam o silêncio, dos seus familiares também, somente escutava uns ruídos dos aparelhos televisores, a grande maioria no jornal, outros, os rebeldes, assistiam à outras variedades televisivas.

Enquanto os aparelhos televisores apreendiam as atenções dos moradores, a minha era retida por paredes, tetos, móveis, dos poucos que faziam o contorno da minha sala, que era o meu cárcere. Precisava sair e dormir sem um teto na minha cabeça; naquela noite, varanda se fez de quarto, a lua um teto infinito, onde levava os brilhos dos meus olhos para a lua, iluminando muito mais do que os postes. O dia com meu neto chegaria.

Cia Amor Armado

cia amor armado
apresenta seu
manifesto em formas de notas


Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião”.
Zé Ketti


Prólogo-moderno

Caminhávamos pelas ruas da cidade, não lembro se era uma rua do Bairro na Zona Sul ou em alguma rua central. Um homem socialista de verdade, ao menos é o que dizem, me abordou e sentenciou: “Sua arte é despolitizada”. Imediatamente respondi: “não sou político, sou artista”.

Um companheiro foi ao teatro, havia se passado uma semana do encontro já relatado, acabou ouvindo uns cochichos entre os artistas locais: “aquele é um dos que fazem panfletos como se fosse arte”. O compa, sem pensar duas vezes, gritou: “somos políticos radicais guiados por Travis Bickle rumo à Comuna de Paris”. As pessoas ao redor ficaram sem entender, enquanto os artistas locais tremeram de medo.

Pós-prólogo

Somos vítimas de uma intervenção artísticas dos pós-modernos, ficamos sem entender o ato, quem sabe sejamos demasiadamente apaixonados filhos da classe trabalhadora moderna.


*notas da Cia Amor Armado*


a)
o amor está armado para transformar as ruas.


b)
o ato de iniciar nossas frases com letras minúsculas é fruto da nossa pequenez.


c)
os dicionários têm a mania de registrar uma companhia como subdivisão de batalhão comandada por capitão. Talvez tenha razão em nosso caso, porém, somos comandados por capitão coletivo, gerido por histórias de vidas e histórias de idéias e histórias de práticas de pessoas reais e de ficções.

d)
o nosso lugar é a cidade, por isso somos produtos e produtores-as de uma cultura urbana dissidente.

e)
a pessoa que pergunta dá margem para as transformações sociais.

f)
objetivamos politizar a arte.

g)
objetivamos a política radical.

h)
os dias dos políticos estão contados.

i)
os dias dos artistas estão rumo ao fim.

j)
o amor está armado.

Livros

Acabo de disponibilizar uma nova seleção de páginas virtuais que tenho visitado. Está no canto direito do Blog, nomeado como “Editoras”, onde você poderá acessar links, a maioria são blogs, das editoras cujos lançamentos estão nas minhas leituras dos últimos tempos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Diário de classe – I

Uma manhã de sol é um bom momento para crianças entre 10, 11 ou 12 anos ficarem no corredor, tendo a luz do sol como inspiração a reflexão e a criação. A aula em questão era de filosofia, o tema a “Mitologia Grega”, o que torna o conteúdo atraente as crianças leitores-as da nova sensação editorial, faço referência ao Percy Jackson. Inclusive, em certos momentos, preciso deixar de lado a minha monótona aula expositiva para pedir ao jovem estudante que feche o livro e preste atenção. Deixo esse assunto para outras anotações em meu diário de classe.

A primeira etapa da aula – eu fico uma hora e quarenta com a meninada - foi de mobilização, onde contei o conto “O guarda-roupas de Pandora”, escrito pelo meu amigo Alberto Ferreira, que explora o universo do menino Bernardo, sua vivência escolar e sua curiosidade com tudo que se passou milhares anos atrás. Onde o enredo tem Zeus, Prometeu, Epimeteu e Pandora. Depois do contar, ocorreu um breve debate sobre o conto, nada mais do que 10 minutos.

O momento seguinte foi de exposição do que são os mitos, da importância deles na cultura da Grécia Antiga, utilizando no preparo da aula os livros “Temas da Filosofia”, “Filosofando” e “Convite a filosofia”. O mito que utilizei foi o da Caixa de Pandora, quando Zeus, mandou aos irmãos Prometeu e Epimeteu a linda Pandora, que carregava uma caixa de onde todo o mal do mundo saiu e na terra ficou.

A curiosidade da meninada é peculiar, querendo saber se os mitos são mentiras. Uma situação chamou atenção. Quando um menino afirmou que “O mito era uma mentira”. Uma menina prontamente retrucou “Que não. Quem sabe a nossa verdade seja também uma mentira criada por nós”. Ali, entre as crianças vibrava um debate sobre a condição humana como histórica-social. Configurando um momento de impasse entre todos-as educandos-as. Eu era a fonte da certeza, o porto seguro das respostas de todos os questionamentos. Virei a cabeça, abri bem os olhos e sorri, deixei a dúvida entre todos-as.

A última etapa foi à divisão da turma em grupos. Cada grupo recebeu revistas, jornais e cartolinas. Atividade seria a produção de uma Caixa de Pandora, mas que poderia ser recriada, sendo feita uma Bolsa de Pandora, um Baú de Pandora e assim vai... As equipes deveriam procurar fotografias e ilustrações dos problemas do mundo de hoje, a escolha de cada imagem era coletiva, por isso era importante o debate entre os-as participantes da equipe, exercitando o diálogo, o pensamento e a reflexão coletiva.

Tudo corria bem, a meninada estava re-criando a Caixa de Pandora de diferentes maneiras, tinha até uma bolsa estilosa. Os debates estavam fracos, era quase comum acordo sobre os problemas no mundo, era um silêncio. Até que...

Menino I: Homossexualismo é um mal, precisa voltar a Caixa de Pandora. Mostrando a fotografia de um casal gay.

Menina I: Como assim?

Menino I: Homossexualismo não é natural.

Menina I: O que não é natural são duas pessoas se amarem e sofrerem com isso. Serem perseguidas.

Menino II: É, seu homofóbico.

Menina II: Eu tenho um tio racista, não gosto dele. Isto tudo é preconceito.

O Menino I ficou acuado, todos do grupo se portaram contra sua opinião, buscando a confirmação da sua verdade, virou a mim e perguntou.

Menino I: Professor, o homossexualismo não é natural, né?

Eu me senti inseguro. Em segundos, mas que em meus pensamentos duraram uma hora, passou que as verdades constituídas historicamente não são desmanteladas em uma única aula, que nessa faixa etária é possível começar a reconstruir um mundo, mas que ali estava em confronto um mundo cultural familiar com o mundo cultural escolar. E meu papel não seria ficar me equilibrando no muro.

Felizmente veio a lembrança Howard Zinn, que dizia a sala de aula como um espaço para a meninada sair com mais incertezas do que certezas. Falei ao garoto que o espaço da aula é para o contato com o diferente, que ao sair do Colégio procurasse observar o diferente ao seu redor, tentando entender as razões que fazem os outros serem diferentes, mesmo aquilo que não era comum até ontem, mas hoje está cada dia mais próximo dos nossos olhares.

E eu nisso tudo? Saí daquela aula com certeza de que estou no lugar certo. Acredito que o espaço escolar não é um instrumento revolucionário que vai derrubar o Estado e o capitalismo, mas ainda é um ambiente que poderá ser arejado e estimulante para quem ali passará um expressivo tempo de sua vida.

Que venham outras possibilidades de diálogos. Aqui fecho meu diário de classe.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Narrativa em Quadrinhos - II

Na noite de ontem lia "Pedro Páramo", de Juan Rulfo. Num momento deixei em pause a leitura, inspirado em meu estado de gripe, que lembra o clima da cidade de Comala, veio a minha cabeça um argumento, imediatamente mandei por emeio ao Victor Bello.


Leia mais no Frango Zine

sábado, 21 de agosto de 2010

Ao seu lado

Ao seu lado;

vou a memória de infância, daquela que sonhava transitar nos vagões do trem pintado ao redor da Igreja.

desenho o mundo, feito a mão livre nas aulas de educação artística de alguma escola do bairro.

entro no balão em pouso na pista de cross, fazendo daqui a Havana em menos de 180 dias.

é como se Exupry não tivesse confinado a rosa numa cúpula, pelo contrário, teria feito um campo de girassóis, daqueles que iluminam os sorrisos das crianças soltas na pracinha.

num domingo a risada se faz solta, feito uma jovem senhora num programa de auditório.

sento num baquinho de vime, com cinzeiro no meu colo e o cão nos seus braços.

tenho um sorriso no rosto, uma felicidade no coração e pensamentos soltos a toa.

domingo, 15 de agosto de 2010

O esquecimento

A postagem de ontem foi injusta. Ficou sem uma citação a Quino, o criador de Mafalda, a menina inquieta e terna, que foi da Argentina para os quatro cantos do mundo nos anos 1960-70, cuja atualidade ainda é sentida, basta ler.Na foto está Robee, eu e Ré, na praça Mafalda, em Buenos Aires - Argentina, no inverno de 2007.

Aproveito o meu esquecimento de ontem e encaminho a dica do Clube Mafalda e do Filmes Políticos, que tornou disponível o filme da Mafalda.

sábado, 14 de agosto de 2010

Narrativa em Quadrinhos - I

Eu nunca gostei da Mônica, era chegado no Cascão mesmo. Eu nunca gostei do Pato Donald nem do Zé Carioca, o meu esquema era o Pateta. Dos heróis, só era a minha praia o Batman. Na adolescência, graças ao Sebo, conheci a Revista Chicleta com Banana. O punk rock trouxe o Crumb. Uns amigos apresentaram Art Spiegelman, Joe Sacco e a lista vai correndo. Apesar de gostar de histórias em quadrinhos, nunca tive a manha de desenhar, só de anotar argumentos.

Pois bem, eis que o meu primeiro argumentou foi utilizado pelo Victor Bello:
Clique duas vezes para ler em maior resolução.

Leia mais produções do Victor Bello e do seu companheiro Lucas Axt no Frango zine.

domingo, 8 de agosto de 2010

Carta do tempo de infância

Querida mamãe,

Eu preciso contar um segredo.

Ontem, logo após o almoço, fui a pé até a Igreja Cristo Ressuscitado. Calma, não precisa se preocupar, correu tudo bem.

Da casa da vó passei pelo barbeiro João Careca, que me disse oi. O Juca, da mercearia, soltou o seu “Vê, vê... lá vai o neto do Walmor”. O bigodudo da padaria disse um tranquilo oi, a professora Iria, da janela da direção da Escola, sorriu pra mim. Na Rua Barra Velha o calmo senhor da casa espírita me olhou como se soubesse de todos os meus planos e preocupações, já na Rua Santa Catarina tomei cuidado ao atravessar, peguei carona com um conhecido passarinheiro da redondeza.

Na Igreja, procurei sentar nas cadeiras artesanais, atentamente olhei para o altar, de longe o Padre me olhava. Ele estava naquela sala que nunca entramos, não vestia o babador cheio de bordados, era quase um homem como o tio, se não fosse Padre, é claro.

Eu rezei um breve um pedido.

O pedido foi para a senhora nunca revelar o seu segredo, que pesa na minha vida. Mais uma vez, tenha calma. Falo sobre a origem do meu nome, já que na Escola os meus amiguinhos estão pegando no meu pé, dizendo que meu nome veio da padaria, daquela depois do Vera Cruz. Eu tenho um medo disso ser verdade.

Faça um acordo comigo, eu contei o meu segredo na carta e você nunca revele a origem do meu nome. Eu te peço, caso o meu nome venha de lá, nunca conte.

Beijinho do seu filho.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Narrativa de quem tem pressa - IV

A mãe dormiu cedo, ainda era noite de sábado. O filho minutos depois deixou um bilhete dizendo que não estaria em casa no almoço de domingo, ganhou as ruas.

O filho retornou na noite de domingo, a mãe já repousava, ao lado do rosto materno estava um livro santo. Um bilhete na porta perguntava se precisaria de café na garrafa, o filho escreveu que sim.

Um novo dia amanheceu. O filho escreveu que não estaria para o jantar de segunda-feira. A mãe chegou, tomou banho, jantou e dormiu.

Chegou a terça-feira e, lá pelas dez da manhã, o filho encontrou um bilhete que dizia “Ti amo. E não vou esperar você pra viver. Mãe

domingo, 1 de agosto de 2010

Diversidade

No domingo de hoje começa a 2ª Semana da Diversidade, organizado pela Associação Arco-íris, apoiado pela Fundação Cultural de Joinville. A programação será variada, do teatro ao cinema a palestra a Parada da Diversidade. Infelizmente não tenho tempo de ir em todas as atividades, de qualquer modo a presença vale a pena.A minha ansiedade é para assistir a fala do Luiz Mott, que é uma figura emblemática no anarquismo brasileiro, final dos anos 1970-80, quando era do jornal “O inimigo do Rei”, ao mesmo tempo pela trajetória de vida que conciliou a militância social com a vida acadêmica.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A história como uma visão de mundo

"Trabalhos historiográficos mais recentes – e entre eles o meu próprio – têm se esforçado por construir uma história de Joinville que dê relevo a pluralidade, incluindo a de suas “origens”, se contrapondo a uma produção de cunho mais monumental, ou mesmo oficial, de acentuado caráter étnico, que pouca ou nenhuma atenção deu a diversidade; tendência historiográfica, necessário que se diga, de que faz parte a obra de Adolfo Schneider. Dar seu nome ao Arquivo Histórico é deslegitimar o esforço por escrever uma outra história e corroborar, consolidando, um passado que sempre se fez representar pela homogeneidade e em uma narrativa inscrita em um tempo linear e vazio – quando os historiadores o sabem, ou deveriam saber, que o “passado é sempre conflituoso”, como a argentina Beatriz Sarlo. Há mais coisas em jogo, portanto, que uma simples homenagem. O que se está a problematizar são concepções distintas da cidade, de seu passado e, por extensão, do seu presente. Às vezes um nome é mais que um nome; é uma visão de mundo."

Mais que um nome por Clóvis Grunner é histoadiador e professor universitário.


Leia a carta na íntegra a primeira carta sobre o tema.

domingo, 25 de julho de 2010

Daqui

Um amigo partiu da cidade.

Ocorreu na noite de ontem, num salão lotado de olhos em lágrimas.

No outro lado uma amiga o esperava.


A partida foi composta por canções, como houvesse uma banda ao vivo dentro de cada um.

Os dois foram navegar entre os corações espalhados de outra cidade.

Daqui, afastado por meia hora de estrada, é possível escutar as canções.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Chá


O Amor Armado é o meu espaço para narrar os meus sentidos, as minhas reflexões, as minhas críticas, as minhas ficções. É aqui que procuro estabelecer relações entre a ternura e aspectos do que não estão visíveis aos olhos. Sem perder as histórias das pessoas, buscando perceber o quanto de nós está feito nas histórias das pessoas experimentadoras dos lugares urbanos.


A presente postagem é informativa sobre um coletivo local. Peço a você uma visita ao Coletivo Chá, que nos últimos meses está narrando à cidade por meio de cores, traços, cola, rodinho e a leveza das quatro protagonistas do Coletivo Chá.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mário, Wado e o aprendizado


O poeta Mário Quintana escreveu que um amigo sabe compartilhar o silêncio.

Levo ao pé da letra a sentença de Quintana, por isso entrego o distanciamento ao momento, os braços ao doce e o ombro a alegria.

Fazendo da amizade uma relação de companheirismo.

Eita aprendizado bom, que felizmente tomei nota em tempo de fazer do “caminho parente do futuro*”.


*É um trecho cantado por Wado.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Narrativa de quem tem pressa - III

O homem mais velho, um espalhador de frases prontas. Um hábito, quase um vício. Os mais novos acreditavam numa trajetória de vida de andanças pelo mundo cão, efeito que o colocava na condição de um sábio, do balcão já detonado.

Ontem a noite, quando no bar do seu Arno, no final da Rua Modelo, o Homem disse; “Aqui, o mais bobo, acende o cigarro no relâmpago”.*

Um outro homem, também de anos percorridos pelo mundo cão, mas que era partidário do silêncio, resolveu falar; “Aqui, o mais esperto, não viu a vida passar a sua frente”.

Nas últimas vinte e quatro horas ninguém mais ouviu uma frase pronta, exceto um bom dia, boa tarde ou boa noite. Entre os mais jovens, dos quais o balcão ainda não é direito conquistado, a ansiedade é de ouvir as histórias do ex-silencioso, pois quando um vai ao silêncio, alguém precisa narrar.


*A presente frase foi roubada de um conto do escritor João Antônio

terça-feira, 20 de julho de 2010

Narrativa de quem tem humor – I

Volta e meia escutamos sobre a importância dos valores comunitários, aspectos valorizados por sonhadores libertários, quando buscam entre as vizinhanças os valores comunais. Eu prefiro buscar os valores espirituais e religiosos dos meus vizinhos.

Hoje cedo, aproveitando o lindo sol, fui colocar a roupa no varal externo, na parte do fundo da casa de minha mãe. Enquanto isso a vizinha limpava sua casa, ao menos o barulho da vassoura batendo nos móveis remetia a tal função doméstica.

De repente escuto a fala da vizinha “Meu Deus, queria ter nascido homem.

Num espontaneísmo, daqueles pra agradar o Miguel Bakunin, respondi num bom tom: “Meu Deus, queria ter nascido surdo.

Do outro lado do muro veio a resposta: “Vai tomar no c*, p*rr*!

Naquele exato momento conheci o “Evangelho segundo Dercy Gonçalves.

Taí, nunca é tarde para aprender os valores espirituais e religiosos dos seus vizinhos.

domingo, 18 de julho de 2010

Narrativa de quem tem pressa - II

A menina pergunta a mãe, que responde:

É um catador de latinhas, minha filha.

O menino nada perguntou, mas o pai deu a sentença:

Veja que vagabundo, deixando o nosso centro mais sujo.

O diplomado escreveu a resolução do problema, sem nenhum debate:

O centro da cidade é o coração, precisamos limpar suas artérias.

Apáticos leitores silenciaram mais uma vez frente ao povo da rua.

***
autoria da fotógrafia: Fabrizzio Motta

sábado, 17 de julho de 2010

Do Bairro de lá ao de cá (Ou: Anotações sobre João Antônio)

Do bairro de lá, Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, encontro particularidades próximas às realidades do bairro de cá, da cidade de cá. Afirmo ao ler “Ô Copacabana!”, onde logo de cara o João Antônio solta a frase “Os homens, lá em cima, mexem os pauzinhos, sapecam leis e nos aplicam os espetos. Ficamos sambados, prejudicados, lesadinhos.” Uma porrada suficiente para arrematar o meu coração libertário, conduzir meus olhos por suas narrativas.

No primeiro momento você poderá imaginar o livro como libelo esquerdista produzido na década de 1970, ainda mais quando pinço a frase no parágrafo anterior, deixe de lado essa bobagem. Ao menos que você deseja reduzir a condição de “subliteratura” por encontrar qualquer fragrância política nas linhas do autor, caso seja assim é melhor fechar as páginas de qualquer livr. Afinal, vida e arte são cruzadas com a política, sem chance de separação, até mesmo nos escritos dos baluartes da pós-modernidade não conseguiram a proeza. Sim, afirmo a impossibilidade da separação.

A escrita de João Antônio está composta por traços populares, do dia a dia. Faz da literatura um palco do vocabulário de um canto da cidade do Rio de Janeiro, o bairro Copacabana, cortando os mais variados sotaques daquelas bandas, do gringo ao nordestino ao sulista, que faz do lugar um ambiente de diferentes vivências para o branco ao negro, do gay gringo ao gay pobre e sofrido, da madame fresca com o cãozinho ao tiozinho solitário, dos meninos de rua as crianças bem tratadas, dos errantes de terno e gravata na praça pública, da ida ao mercado numa noite de excessivo calor, aos garotos de cabelos queimados do sol até as garotas de olhos bem abertos aos salva-vidas e assim vai. Quando o conflito é sutil ou brusco, os espaços privados ou públicos têm utilizações diversas de acordo com a temporalidade, sem existir a necessidade de uma placa indicando o que está e o que não está permitido. As regras de convivências são invisíveis, justamente onde a oficial “sacanocracia” do prefeito, “que ninguém votou nele”, poderá violentar as regras do bairro, mas não conseguirá destruí-las.

E no bairro, como na nossa cidade, só cantamos as glórias. Do fiasco, ninguém fala.” É uma frase categórica para dizer que a cidade como um todo, não deve ser tratado como um ar romanceado, distraída das suas realidades contraditórias, em determinados aspectos é preciso dar uma porrada na cara e na seqüência – ou até semanas depois – levar uma bordoada sem tamanho, sem deixar a clareza que o papel de dar o tapa é nosso, das pessoas.

Nos caminhos do Bairro nos portamos como um torcedor, que segundo João Antônio “Ao torcedor, parece não interessar, no fundo, ganhar ou perder. O que conta é o sofrimento. Não se trata de um homem a serviço de um sonho, ideal ou missão. É um homem a serviço da paixão. Um prisioneiro.” Enquanto, é preciso buscar uma ponte entre a paixão e os sonhos, onde nossos pés estejam cravados em nossos lugares de vida.

Ao concluir a leitura do livro pairam nas minhas divagações como é complicadíssimo articular paixão as linhas acadêmicas para discutir criticamente a nossa realidade, pois para a ciência acadêmica tem a necessidade desapaixonar, mesmo o que é mais caro ao acadêmico. João Antônio ao problematizar-polemizar o tema do Bairro e da cidade vai à contramão de todo academicismo, nos oferece de lambuja a literatura como a melhor saída para fazer a discussão, sem respostas certeiras, somente doses necessárias de questionamentos e reflexões sobre o bairro de lá e de cá.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Narrativa de quem tem pressa - I

Em 1984;
O filho está sem pai, não é de hoje, é de anos. Ao seu lado outras crianças estavam sem a figura paterna, as mães se colocavam nas malharias. Se sentia um igual.

Em 1985;
Ausência não era sentida, até entrar na creche do Bairro. Lá, volta e meia um pai buscava um filho. Aprendeu que pai busca filho, quem não tem um, o avô assumia a busca. Se sentia um outro.

Horas depois:
De longe, lá pelas 14 horas, avistava a mãe, sentia o “gosto de sorvete em tarde de sol misturado com cheiro de manjericão da casa de sua avó, ainda não sabia que aquele sentimento se chamava alegria”. Voltava sentir a igualdade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Já não somos mais punks


Um dia atrás éramos punks. Escrevíamos cartas para punks do mundo todo, líamos zines, comprávamos discos, fitas cassetes e cds, organizamos matinês com bandas de punk-hardcore nos finais de semana, tocávamos em bandas, editávamos os nossos próprios zines, não tomávamos coca-cola, nem pepsi. Odiávamos o capitalismo, o Estado e Igreja.

Hoje não vamos escrever uma carta, nem perdemos tempo com cds, menos ainda com as matinês, também não tocamos guitarra. O máximo que chegamos a fazer é ler, ouvir os mesmos discos de antes, tomar Pepsi e querer destruir o capitalismo, o Estado e a Igreja.

Desconheço autoria da imagem

terça-feira, 13 de julho de 2010

A greve dos guarda-chuvas

Era manhã de terça-feira. Chuva Fina, frio de quatorze graus. O momento inapropriado para observar a greve dos guarda-chuvas. Da altura da janela de um antigo prédio, daqueles que serviu a cidade imigrante por décadas seguidas do século XX, que nas últimas três décadas serve a cidade migrante. Dali constatava um teto que cobria a Rua do Príncipe. Formado por guarda-chuvas, uma diversidade de modelos de guarda-chuvas, tinha o tradicional, o que lembrava o frevo, de florzinha e o sem graça. É possível que a diversidade de guarda-chuvas remeta as diferentes categorias de servidores públicos municipais em greve.Foto por Jessé Giotti

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sexualidade e Direitos Humanos

Acabo de ler a reportagem “Assunto de Família” sobre a 2ª Semana da Diversidade, que acontecerá de 1ª a 8 de Agosto, em Joinville. Fiquei muito feliz ao verificar a programação do evento que aponta para a necessidade da cidade pautar um amplo debate sobre a questão da sexualidade. É preciso superar os preconceitos e os autoritarismos propagando por setores conservadores da cidade. Exemplos da Associação Arco-Íris e da 2ª Semana da Diversidade, demonstram que é possível concretizar uma cidade amparada no respeito aos direitos humanos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O dever do-a historiador-a

A história é fruto do seu tempo, questão notória e consolidada. Que o-a historiador-a é fruto do tempo já entrou no mesmo caminho há um bom par de anos. Uma questão primordial, ainda não concretizada em todos os lugares da cidade, é que o-a historiador-a tem o dever de tomar uma posição contrária aos preconceitos e as imposições de dominação.

Silenciar, jamais!

Debater, sempre!

domingo, 4 de julho de 2010

Capítulo 1 (ou: uma homenagem a John Reed)

E então meu pai olhava para a frente com os olhos brilhantes”, prosseguiu Marcelle, “marchando como um exército. Toda vez que seus olhos brilhavam daquele jeito minha mãe tremia – porque significava alguma luta incansável e terrível contra a polícia, ou uma greve sangrenta, e ela temia por ele.” John Reed em A Filha da Revolução



A história que estou a contar poderá causar estranheza em qualquer ser humano do século XXI. Ainda mais quando tirar do meu baú memórias sobre o sangue que corre em minhas veias, um sangue diferente, não é azul, menos ainda melhor do que o sangue de qualquer pessoa disposta a ouvir. O sangue corrente nessas veias foi originado no século XIX, provavelmente encontrará o meu sangue correndo em veias de outro tempo histórico, mas o registro mais recente, ao menos documentado no papel e mantido por meio da oralidade é, estritamente, ligado ao século XIX.

Sou um tataraneto da revolução, das idéias rebeldes, que contaminaram os sangues de homens e mulheres das sarjetas das cidades européias, cuja cor vermelha remetia ao socialismo e a cor negra ao anarquismo. Daqueles deixados de lado da história, já que nos grandes eventos não ganharam destaque entre as estrelas do socialismo e do anarquismo, mas se fizeram completamente embriagados nas greves, nos confrontos de rua com a polícia, onde Marselhesa era uma ofensa aos socialistas das ruas, era a canção dos traidores. E quando topavam com um maldito qualquer da Igreja, faziam questão de gritar para todo mundo ouvir “À bas lês calottes! À bas lês calottes!”

Estou aqui, velho, sozinho, com certa amargura na voz, ao menos o garçom do Bar Palmeirão disse sentir quando pedi um café puro e uma empadinha de palmito. É preciso deixar de lado as tais memórias, falo pra mim, ninguém levará a sério as amarguras de um velho de sangue quente, explosivo e socialista. Sangue bem quente mesmo, até o meu próprio filho afastei de mim, como o pai do meu tataravô fez com sua filha Marcelle. Passaram seis anos desde a briga com meu filho por conta do meu neto ir para uma escola particular. Tentei demonstrar que as diferenças dos lugares e das coisas acontecem nos espaços públicos, no privado só era a homogeneidade. Nada feito, somente o afastamento.

Merda. Os meus pensamentos privados são cortados por ruídos externos, não entendo o que a voz do garçom está dizendo, tento prestar atenção, somente compreendo “Vê, lá vem à rapaziada do passe livre”. Imediatamente o meu sangue volta a ferver, como se a minha companheira tivesse me despejado no forninho. Corro até a porta do Palmeirão, vejo nada mais de cem estudantes das escolas públicas, particulares e alguns universitários, entre garotos e garotas, poucos estão além dos vinte e poucos anos, mais a bandeira está no ar e gritos pelo passe livre também. O meu rápido pensamento produz uma voz inaudível, ao menos jurei ser, mas o garçom ouviu e respondeu “Hoje é dia nacional de luta pelo passe livre”.

Carinhosamente observo a meninada, bato palmas de apoio e uns sorrisos são destinados a mim e ao garçom, outro autor de uma salva de palmas. Naquele momento, uma criança me chama atenção, é meu neto, dezesseis anos e mal o tenho visto, motivado pelo desentendimento com meu filho. Sabe, não foi o nariz ou pelo detalhe do queixo as características físicas de identificação, mas foram os olhos brilhantes, como se fosse uma fresta de esperança para a minha velhice.

Pensei em descer os dois degraus, chegar mais perto da garotada, desisto, como se uma força interna não permitisse chegar até na rua. O meu corpo não se permite ser levado por todos ali envolvidos, os meus ouvidos ao serem guiados por sonoridades de uma cantoria desafinada e cheia de vontade fazem os pensamentos irem ao meio deles, até que, repentinamente, tenho a perda da única face conhecida por mim, meu neto e seus olhos brilhantes já não estão mais entre o pequeno furacão. Penso, “Cadê o meu neto”? Dessa vez, o meu pensamento não é escutado.

Mais uma voz responde. Vô? , uma voz jovial e rouca, como de um fumante invertebrado desde o nascimento. O som da voz está forte, como se estivesse a poucos centímetros dos meus ouvidos. Viro o rosto e perto de mim, vejo o meu neto, digo “Olá, meu neto. Não só neto, agora, também, um companheiro.”, ao querer esconder a minha alegria de encontrá-lo naquelas circunstâncias, um querer sem êxito, pois o abraço do garoto, meu neto, meu companheiro quebrou qualquer estimulo para esconder minha alegria. “Vô, tenho de ir as ruas. Mas anote aí, domingo, as 11:30, vou até a sua casa, quero almoçar com o senhor.” . Sem pensar duas vezes, confirmei o almoço e disse para voltar às ruas, o menino se foi.

Voltei o meu corpo ao balcão do bar, paguei o consumido. Passei a caminhar querendo imaginar o destino certeiro, nada feito. Enquanto isso, ao marchar como um exército revolucionário, ninguém disse que os meus olhos brilhavam, pela primeira vez, eu sentia os meus olhos brilharem.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

As revelações estão nos fundos

Os fundos são reveladores. Numa sala de aula quem está coladinho a rapaziada do fundão recebe o título de “aluno problema”, a meninada da frente está qualificada ao futuro promissor.

É uma regra, cuja tradição se dá na prática discursiva das autoridades, sem perceberem os diferentes elementos das convivências e dos contextos. Sendo regra, os questionamentos se mantêm presentes, quase nato quando se inaugura uma tradição.

As revelações ocorrem como as casas nos bairros (ou nos apartamentos do centro). Quando olhando de frente se percebe o concreto do sonho da casa própria, fazendo dos muros uma aparente segurança. Nos fundos das casas, (ou até mesmo de um aparamento no centro) é possível visualizar a revelação, nas asas dos pássaros vagabundos, aqueles sem valor para os passarinheiros.

De qualquer maneira, os pássaros se fazem livres, voando alto ou baixo, sempre liberto, fazendo o presente, tomando o rumo ao futuro incerto de quem se imagina livre, rumo ao infinito em forma de céu. É próximo como o “aluno problema” se realiza ser humano adulto, em cada momento, fazendo o processo da vida com a sensação de liberdade.